sexta-feira, 13 de maio de 2011

Conduta (muito) PERIGOSA

Aproveito que este blogue é sobre AUTOCARROS DA CARRIS, o que significa que se fala de conduta na estrada e outros temas relaccionados, para abordar TRÊS questões que têm vindo a perturbar-me.

Enquanto PEÃO, utente da CARRIS, desloco-me a pé para as Paragens de autocarro. Comecei a perceber que existem comportamentos automobilísticos repetitivos que são perigosos.

O primeiro e muito grave, é TODOS OS CONDUTORES QUEREREM PASSAR O VERMELHO. E muitos passam! À descarada! Perto de casa há uma rotunda e nunca atravesso a passadeira sem antes ver se o carro, pelo menos, abranda significativamente. É sinal de que me viu e que vai respeitar a paragem exigida pelo semáforo. Mas são mais as vezes que fico parada para que o carro que vem looonge, a grande velocidade, passe o vermelho. Se não o fizesse, ERA PASSADA POR CIMA.

Perto do trabalho existe uma passadeira que tem de se atravessar para chegar à paragem de autocarros. É uma estrada movimentada, nos dois sentidos, mas como fica numa localidade, os carros passam a uma velocidade normal. A questão é que QUASE NENHUM PÁRA na passadeira. Aliás, mais uma vez, se não fosse o PERMANECER PARADA até ter certeza de que fui vista pelo condutor, SERIA PASSADA POR CIMA.

Ao chegar a esta passadeira, páro, olho e fico a aguardar que um carro páre para me dar passagem. Mas, mesmo me vendo ali, MUITOS, mas muitos mesmo, não PÁRAM. Pelo menos uns dois fingem não perceber e passam sem dar prioridade, até que um terceiro abranda. Mas isto é só uma PARTE do CUIDADO que é preciso ter ao atravessar aquela pequena passadeira. Porque só o carro que vem da esquerda PAROU. Os que seguem da DIREITA não páram. Muitas vezes, mais do que gostaria que fossem verdade, sou obrigada a PARAR a meio da passadeira porque o carro que vem da esquerda NÃO ME VÊ na estrada. E o local não tem qualquer obstrução. É uma recta. As pessoas simplesmente vêm DISTRAÍDAS, não vêm o GRANDE SINAL DE TRÂNSITO que indica a PRESENÇA DE  PASSADEIRA exactamente nesse sentido e, muitas vezes, mais do que gostaria de ter confirmado, os condutores estão totalmente DISTRAÍDOS. Uns não estão a olhar em frente. Ora se distraiem a olhar para o lado para reparar em alguém sentado na paragem, ou conversam com alguém no lugar do pendura, ou decidem dar uma olhadela para o telemóvel que seguram numa das mãos. Mas não olham em frente, convencidos que estão que a estrada é deles.

um caso
Eu o vi, muito antes dele me ter visto. Um senhor não ganhou para o susto quando me percebeu parada a meio da passadeira, com ele a atravessá-la. Fez uma cara de espanto, medo, surpresa, gesticulou com as mãos e acho que balbuciou algo no sentido de se desculpar. Mas foi tudo rápido, como sempre é quando o carro está em movimento. Se eu não estivesse parada, lá o carro me tinha PASSADO POR CIMA!
Num instante, aquele condutor seria um criminoso, responsável por um homicídio.
.
Ficar parada no meio da passadeira deixa-me pouco tranquila, porque sei que o veículo que acabou de parar já está a arrancar. Este nem espera ver o peão chegar ao outro lado da estrada. E o que acontece? O peão, que está a atravessar a passadeira, tem de ficar PARADO no meio, enquanto os carros que vêm da esquerda e da direita circulam atrás de si e à sua frente. Isto numa localidade pequena. Ás vezes não avançam mais nada senão dois metros, porque os carros à frente estão a ceder passagem a outros. Então, para quê este comportamento?
.
Ao chegar à outra margem, vou para a paragem, onde se encontra uma senhora. Ela não presenciou a minha tentativa de atravessar a estrada, mas decidi à mesma aliviar-me um pouco daquele comportamento automobilístico que vinha a me incomodar cada vez que fazia aquele trajecto. Disse-lhe: "Nesta passadeira, se eu não tomasse cuidado e parásse, já tinha sido atropelada uma série de vezes!" Ela ficou espantada e disse que a sua mãe morreu assim, atropelada.
.
Portanto, não há nada de humorístico nestas situações, pois não? Está tudo muito bem, até algo sério e grave acontecer. E depois? Como é que vai ser? Dá para restituir uma vida a alguém? Dá para apagar um gesto do qual nunca se consegue perdoar a si mesmo? Dá?
.



Eu não conduzo e confesso ter receio da minha conduta quando o fizer. Um carro, como tudo o resto, conduz-se criando-se o hábito e a condução é algo que se executa mecanicamente, por vezes como um reflexo, sem se pensar. Poucos condutores estão a pensar no que estão a fazer. E, também, existe o comportamento de grupo que acaba por influenciar. Se quase todos aceleram para atravessar um semáforo quando ele já está vermelho, como é que se muda este comportamento? O próximo a tirar a carta, vai demorar quanto tempo até fazer igual?
.
Uns dias antes tinha visto a brigada de trânsito por toda a parte, a mandar parar os carros para verificar os documentos e sei mais lá o quê. Na altura nem pensei em lhes dar valor, porque, sempre temos cá para nós, que a polícia tem este comportamento porque, ás vezes, gosta de "trabalhar para a multa" - ainda mais, quando se aproxima o final do mês. E é vê-los, por toda a parte, escondidos em cantos e curvas...

Mas, vamos ser sinceros. Mesmo que exista má vontade da parte das autoridades, são autoridades e estão a executar um trabalho que é muito valioso, pois pode salvar vidas.
.
Um comportamento automobilístico irresponsável deve ser punido. Uma vez ouvi na televisão um senhor dizer que "quem tem as mãos num volante tem de perceber que tem nas mãos uma ARMA que mata". Essa definição nunca mais me saiu da cabeça. Até então, não tinha pensado o quanto era verdade.

Sou abençoada. Nunca perdi ninguém de forma violenta, não conheço ninguém próximo que tenha perdido, nunca ninguém na minha família foi atropelado. Sei de casos, vi muitos em menina, quando morava perto de um cruzamento apelidado de "zona de acidentes". O som de sirenes da polícia e ambulâncias eram sons banais. Mirones automobilísticos também, pois muitas das vezes, ao se passar de carro, lá estavam as pessoas estendidas no asfalto, no meio de todo o aparato. Recusei-me sempre a olhar. Podia ver, por calhar, mas nunca olhei para ver sangue, membros partidos, cabeças rachadas, fosse o que fosse que levava as pessoas a quererem espreitar o acidentado. E se não podia ajudar, também não ia ali ficar a atrapalhar.

25 93 AJ
CARRO PRETO
CONDUTOR MASCULINO
MODELO ANTIGO

Foi tudo o que registei de um comportamento totalmente absurdo que vi. Num sítio onde é quase impossível passar com velocidade, num local pacato, um metro antes de se contornar uma rotunda, surge, quando estou a atravessar a passadeira, este carro preto, muito, mas muito em excesso de velocidade. Parecia um louco. Ainda fiquei à espera que abrandasse, mas não demonstrou quaisquer sinais disso. Eu já ia na passadeira estava ele a aparecer. Não queria correr na passadeira por ele vir a grande velocidade. Na verdade, não corri. RECUSEI-ME! (estava ali após uma caminhada de 20m sempre a subir ruas íngremes, debaixo de um sol avassalador! Finalmente tinha chegado à parte plana do percurso e agora aparecia um louco!) Mas acelerei o passo e desviei-me, embora já estivesse mais do lado onde não passam carros do que daqueles centímetros onde ia passar aquele. O HOMEM que segurava O VOLANTE deste carro não abrandou nem um instante. Acho até, que acelerou mais. Não abrandou nem para contornar a rotunda, foi sempre a correr, mantendo a alta velocidade, quase que o carro voava! Eu fiquei ali, parei e olhei para trás, para assistir ao comportamento do condutor. Eu e um senhor distinto, que deduzi que vinha da escola de condução ali ao lado, ou do prédio onde esta fica. Ambos um tanto incrédulos, a reprovar um comportamento assassino destes.

Isto aconteceu já faz umas semanas. Estava aqui a arrumar papéis, quando dei com aquele onde anotei a matrícula do carro. Para marcas não sou boa, mas sei anotar matrículas. Existem muitos comportamentos de risco que se vêm na estrada. Mesmo quando dentro de um AUTOCARRO DA CARRIS, assiste-se a muita coisa. Muitas vezes, os autocarros não conseguem seguir percurso porque um automóvel atravessa-se no caminho quando já tem o semáforo vermelho para si e não pode mais avançar. Existem muitas coisas mas, esta do carro preto matrícula 25 93 AJ... será que já matou alguém?
.
Há uns anos, durante uma viagem noturna de carro, direcção Ribatejo-Lisboa, quando ainda se faziam percursos por estradas regionais e pouco por autoestradas, o carro onde seguia foi ultrapassado por um acelera, que continuou a ultrapassar todos que estavam à sua frente de uma forma perigosa e agressiva. Era um carro meio desportivo vermelho e comentámos que aquele comportamento não era aceitável. "Aquele ainda se espalha por aí ou pior: mata alguém!" - dissemos a censurá-lo. Uma hora depois, ultrapassámo-lo. Tinha batido contra um muro e a viagem terminou por aí. Acho que não matou ninguém. Não dessa vez...

A CONDUTA NA ESTRADA é um assunto muito importante, que hoje me apeteceu debater, após acumular uma série de histórias e vier outras tantas. E as suas... quais são?