quinta-feira, 18 de março de 2010

Nos transportes... o que me irrita!

Hoje foi um dia desconfortável para andar em transportes públicos. Não porque existisse muita gente, não porque me pisaram mais uma vez ou tossiram para cima de mim mas, pelo simples facto não ter andado num veículo cujo cheiro não fosse desagradável.
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O autocarro que apanhei às 8 da manhã cheirava a urina na área onde encontrei um lugar. Uma criança de uns 4 anos até disse "alguém fez xixi". A seguir entro na camioneta e só encontro lugar nuns bancos que cheiram a "falta de higiene". Sabem quando passamos por um uma pessoa suja, como um certo tipo de ciganos que não se lavam, e o cheiro está entranhado e é desconfortável? Foi esse o cheiro. Ainda por cima, o trânsito estava congestionado. Quando finalmente avancei para a frente da camioneta, a diferença que se fez sentir!
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Todos os dias encontro as mesmas pessoas nos transportes. Algumas têm hábitos que me incomodam. Existe o fumador inveterado que, mal entra e se senta começa logo a ressonar. Como me enervou hoje! Depois tem a rapariga com o telemóvel colado à orelha. Vai a viagem toda a falar nele! Mas aquele comportamento mais estranho, mais absurdo, a meu ver, é o de uns indivíduos da Europa de Leste. Estes dois homens viajam juntos, conversam, são amigos mas... quando entram na camioneta, ocupam quatro lugares!!!
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Sentam-se cada um na sua fila, lado a lado, ambos do lado da janela das filas paralelas e conversam a viagem toda! Aquilo faz-me confusão. Lá de onde vêm têm o hábito de se sentarem lado a lado para falar? Tem de ser de janela para janela? Ainda por cima, torna-se mais incomodativo para os restantes passageiros... nem se podem sentar na coxia, pois os dois estão o tempo todo a conversar! Acho este comportamento tão estranho! Mês após mês, lá estão eles, a "tricotar" numa língua estranha, com dois assentos e um corredor a separá-los! Chegam juntos, conversam cá fora lado a lado e juntos e depois entram na viatura e sentam-se lado a lado, cada um na sua fila e à sua janela!
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Outra coisa que me incomoda com as pessoas, é a falta de respeito pela ordem de chegada à paragem. Quando a camioneta chega, correm logo para entrar. Irrita-me umas mulheres que se enfiam no café, protegidas da chuva e do frio e, quando vêm a camioneta a chegar, atravessam a estrada e enfiam-se logo lá dentro, como se tivessem prioridade! Uma vez cheguei à paragem e só lá estava uma pessoa. Entretanto aquilo enche de gente, a camioneta chega e eu sou a última a entrar! Que injustiça.
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Nos autocarros passa-se o mesmo. Vejo pessoas mais velhas que chegaram depois a meterem-se à frente como se um pouco mais de idade lhes desse mais direito. Vejo pessoas com crianças a se meterem à frente. Mas aí, confesso, sou mais benevolente. Não me incomoda tanto porque, uma criança tem um metro de altura e pouca capacidade para viajar de pé. Ainda assim, há quem as veja e não lhes ceda lugar.

Irrita-me também que possa estar numa paragem há 10 minutos e tê-la quase vazia, para depois, no momento em que o transporte chega, esta encher-se com tanta gente que nem se sabe de onde apareceram! Hoje foi assim e fiquei desapontada com o comportamento das pessoas. Todas a enfiarem-se, a correrem, a passarem à frente de outras. Fui a última a entrar e calhou-me o assento mal-cheiroso... mas o pior é que não gosto de não ter tempo para me estabilizar antes do veículo arrancar. Não gosto. É por isso que me incomodam as "lesmas" que são aquelas pessoas todas apressadas, que se metem à frente, e uma vez dentro, não andam!
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Também me irritam as pessoas que, atrás de ti, decidem dar uma "corridinha" para te ultrapassarem e, depois, ficam à tua frente, "coladas" a ti. Epá: a paisagem é grande! Sai da minha frente! Para quê correr se não é para ganhar distância??
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Ontem, uma mulher atrás de mim vem a correr e passa-me à frente, para parar mesmo à minha frente! Ainda por cima, ao fazê-lo, obriga-me a diminuir o ritmo da passada. Ultrapasso-a sem esforço. Ela dá outra corridinha e volta a parar à minha frente! Parecia apressada, mas, pelos vistos, não queria chegar a lado nenhum depressa, porque parava sempre à minha frente! Voltei a ultrapassá-la sem dificuldade. Mais uma vez, a mulher dá uma patética corrida, ultrapassa-me e pára à minha frente. Ok. Queres ver o que é correr? Corri e ultrapassei-a. Em segundos já estava distante. Isso sim, é uma ultrapassagem pedonal! Agora o que ela fez... equivale a alguns automobilistas que só querem passar à frente do autocarro mas depois são umas lesmas que não o deixam andar!
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Depois de a ultrapassar, a mulher deu outra corridinha. Mas esta teve de ser demorada... eu estava longe! Sabem aquelas pessoas tão em baixa forma que, ao "correrem", na verdade, estão a andar? Ela era assim. Os seus passos eram tão curtos, que a "corrida" era mais ilusão que outra coisa. Era só o barulho dos saltos a bater no asfalto apressadamente porque, distância, a mulher se andasse, ganhava mais. Andar apressadamente teria sido mais veloz que dar pulinhos. Cansou-se e não ganhou terreno algum. Há muita gente fora de forma! Mas, para se correr, tem de se abrir as pernas amplamente, dar largas passadas. Ninguém corre com um pé imediatamente diante do outro! Assim está a pular...

quinta-feira, 11 de março de 2010

Novas paragens avenida Brasil

Avenida do Brasil - Lisboa
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Quem conhece este percurso sabe que esta é uma Avenida movimentada, na qual, no sentido Rotunda do Relógio/Universidade existe umas paragens que são mais movimentadas que as restantes. Localizadas na última paragem antes da curva para o Campo Grande, este local funciona como a zona "afluente" da avenida: ali páram todos os autocarros que chegam das transversais e do cimo da rua. Mas com as obras no passeio para albergar a ciclovia, esta paragem coberta, um tanto útil nos dias de frio e vento, precisou ser alterada. E assim, com a obra finalizada e já com as estacas colocadas pela borda do passeio, estranhamente, nenhuma ciclovia foi feita neste trecho do passeio. As paragens voltaram ao local, mas diferentes. Uma coisa fizeram bem feita: separaram os autocarros por 3 paragens, mas de forma a que a disposição impede a aglumeração do passado, que fazia com que as viaturas ficassem ali em fila, esperando à vez a altura de largar a apanhar passageiros.
As pessoas ainda andam um pouco perdidas, mas a circulação parece fazer-se melhor. Com a configuração anterior (três paragens cobertas lado a lado a curta distância, como mostra a imagem), os autocarros tinham de ficar em fila "indiana" a aguardar a vez do trânsito andar, para um deles se enfiar e andar. O segundo repetia o processo e, se a intenção era apanhar o terceiro, está-se já a ver... levava 5 minutos até a viatura chegar até à paragem! .
Porém, nem tudo pode ser um mar de rosas. E essas paragens cobertas, com assentos, foram simplesmente substituídas por postes. Postes e placas. Ao relento e com chuva, não devem ser nada agradáveis. Ainda mais porque, estranhamente, o passeio também encurtou... mas não há ciclovia! O passeio está mais curto... que raio??
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Lisboa prepara-se para infernizar o dia-a-dia dos Lisboetas. É o que vêm aí obras! E onde? Na segunda circular e na Calçada de Carriche! Vai ser um inferno... só de pensar, desejo emigrar!

sexta-feira, 5 de março de 2010

Sede de sangue

O que se passa com as pessoas e a sua ânsia por espreitar acidentes rodoviários?
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Há umas semanas, na paragem do autocarro, local movimentado, onde pessoas sobem e descem o passeio, noto derepente, algumas a parar ao meu redor e eis que uma diz a outra:
-"Ai, aquela senhora caiu! Ai, e foi porque estava a correr para apanhar o autocarro! Ai, está no chão e ninguém a ajuda! Há, já está alguém... e não apanhou o autocarro!"

Enquanto a mulher não regressou à posição vertical, aquelas pessoas não avançavam e ficaram literalmente paradas ali, estanques, a olhar (e a comentar) a desgraça. Quando um senhor ajudou a acidentada a levantar-se do chão, de imediato as voyeurs se puseram a caminho. Digam-me lá: se não é para ajudar, depois de olhar para se perceber o que se passa, porquê não continuar o caminho?
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Hoje passou-se a mesma coisa. Estava no autocarro, sentada no banco atrás do motorista e, ao fundo, quase todos os lugares estavam vazios. Por isso estranho muito quando, numa paragem, entram um homem e uma mulher e ambos ficam ali, à minha frente. Irrita-me quando as pessoas, com tanto espaço, ficam próximas de mim. Devo ter mel, já o disse... O autocarro não andava. O trânsito... aí ouviu-se um apito. Duas mulheres estrangeiras que viajavam ao meu lado, levantaram-se. Pensei que iam sair, mas não... mais duas que ficaram ali á minha frente, a obstruir a minha visão e a perturbar o meu conforto espacial.
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O autocarro não anda. Está a chover e, do meu lado, as janelas são todas água. Não se vê nada para fora. Talvez por isso, sentei-me de lado, com as costas para o vidro, a olhar para a janela da frente, onde alguém tinha passado a mão para limpar a água. É através dessa área que vejo três mulheres de batina branca, junto com outras, o olhar com muita atenção alguma coisa. Todas olhavam na mesma direcção, uma até, fumava um cigarro. Trabalhavam na farmácia em cuja porta estavam, decerto. Dia de chuva e as pessoas de pé, tanto dentro do autocarro quanto na rua... e o autocarro não andava. Percebi logo que se tinha passado alguma coisa na estrada. As mulheres à minha frente começaram a falar. Uma delas, abandona a língua materna e num português afectado tenta dizer que, quando viajou no sentido contrário também se deu "a mesma coisa". Que não gostava de taxis, que também tinha sido com um...
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Finalmente o autocarro começa a andar e desvia-se de algo. O olhar das pessoas "abre-se" em espreita e todas, exceptuando a rapariga oriental que não largava o aparelho electrónico, procuram ver o que se passa. A mulher estrangeira que se levantou lança-se à minha frente e começa a esfregar frenéticamente o vidro aguado. Através dele avisto um polícia, depois uns paramédicos e muita gente à volta de alguém estatelado no chão, que recebia um colar cervical. O autocarro move-se depressa, afasta-se e as mulheres estrangeiras voltam a sentar-se nos mesmos bancos. O homem e a mulher que entraram vão para o fundo do autocarro e sentam-se. Ela começa a comer algo e mastiga de forma muito evidente.
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Dou por mim a pensar na sede que as pessoas têm para ver sangue! E a banalidade com que o fazem... uma a fumar, enquanto assistia ao espectáculo, outra foi comer qualquer coisa. Como se fosse cinema...
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O meu primeiro pensamento foi para o acidentado: desejei que estivesse bem. Depois pensei para comigo, quantas vezes terá aquela pessoa passado naquele lugar. Será que alguma vez imaginou que, um dia, as suas costas iam estar em contacto com o asfalto naquele preciso lugar? Que, um dia, ia estar a olhar o céu e a sentir a chuva a lhe cair em cima, estatelado ali no asfalto enquanto pessoas o tentam ajudar? O quanto os problemas do quotidiano devem parecer insignificantes, e tudo pequeno, quando se está numa situação daquelas... depois pensei se, um dia, não poderá acontecer comigo a mesma coisa? (Cruzes! Espero que não!). Se, um dia, também eu desconheço em que canto vou ficar...
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Enfim. Pensamentos. Mas que servem, essencialmente, para realçar a postura das pessoas diante um cenário acidental. São cheias de lamentos, ficam a ver e, depois, quando o espectáculo termina, vão à vidinha...
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Resta-me contar o que aconteceu depois, no dia em que a senhora caiu ao correr para tentar apanhar o autocarro. Alguém a ajudou a levantar-se logo de imediato e, aparentemente, foi uma queda sem gravidade. Talvez tivesse ficado dorida e com o joelho ferido ou esfolado. Como a pessoa estava numa paragem à frente, não prestei atenção ao seu destino. Passaram alguns autocarros que pararam na paragem dela, pelo que deduzi que já tinha seguido caminho.
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Dez minutos depois, chegou o autocarro que esperava. Entro e sento-me no banco atrás do motorista. Estou carregada de sacos de compras, tenho o guarda-chuva no braço e estou a insistir com o passe, que não quer acusar a luzinha verde na máquina! Pelo que, o extra-espaço desse assento é bem-vindo porque permite-me viajar sentada e com sacos sem perturbar os restantes passageiros com o volume que carrego. Um homem senta-se no banco ao lado e alguns outros passageiros entram e sentam-se. Eis que, a última passageira a entrar, fá-lo já com um "Ai" nos lábios! E repete-o umas tantas vezes. Fica ali parada à entrada, mas não avança. Isso irrita-me.
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Entre "Ais", toca no joelho e diz, sem procurar sentar-se, que caiu quando ia a correr para apanhar um autocarro. Percebo que é a tal senhora. Mas pelo facto dela estar, claramente, a "choramingar", com a intenção de fazer com que um de nós que ocupou os lugares dianteiros se levante para lhe ceder o lugar, não me compadeço. Destesto chantagistas emocionais! Até comecei a ver toda a situação com maus-olhos! Ao perceber que ninguém se levanta, avança um pouco mais e fica a cobiçar um dos assentos prioritários. Aqueles vermelhos, cujo autocolante indica que devem ser ocupados por pessoas necessitadas, deficientes, mulheres grávidas, idosos, etc... em caso de necessidade. Uma senhora oferece o seu assento. E a "acidentada" estava para aceitar mas, num autocarro com ainda muitos lugares vagos, lá viu um melhor, um que lhe agradou mais, um individual, e dispensou aquele que lhe foi cedido.
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Detestei ver alguém aproveitar-se de uma situação acidental a qual, aparentemente, não teve consequências de maior, para, 10 minutos depois do sucedido, tentar usá-lo para tirar proveito próprio. Que feio! Feio, feio...

quarta-feira, 3 de março de 2010

Sopa de ruídos: o meu ingrediente é...

De todas as experiências desagradáveis que um utente da Carris pode experienciar no interior de um autocarro, uma das que mais me desagrada é estar a escutar música alta. Proveniente de aparelhos portáteis, já não é a primeira nem a 10ª vez que entra no autocarro um passageiro com um aparelho desses, mas que, estranhamente, emitem som para fora sem necessitar de quaisquer fios.

Desculpem a minha total falta de "cultura" tecnológica mas, há muito que deixei de estar a par dos progressos feitos neste campo. Serão MP3, MP4? Outro tipo de coisa qualquer? Não sei, não me interessa, só me irrita!

Acho que é pura e simplesmente uma falta de educação. É de um egoísmo extremo, achar-se tão importante assim, que se tem o DIREITO de impor ruídos aos outros. Acho repulsivo, desprezível, nojento até.
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Noutro dia estava no fundo do autocarro e entra um rapaz com uma dessas coisas a dar música bastante alta! Desejei que ficasse pelo início da viatura mas não! Tinha de vir para pertinho de mim. Eu viajava de pé, ele mal chegou e vagou um lugar, sentou-se nele com aquilo a tocar muuuito alto e pôs-se a ler um livro! Será que não tem discernimento para entender que não está em casa? Pouco faltou para por os pés em cima do assento na frente!

Um rapaz atrás de mim não se faz de rogado: coloca os phones nos ouvidos e começa a ouvir o seu estilo de música. Infelismente, essa também ressoava bem aos meus ouvidos. Boa! dois tipos "colados" a mim a produzir ruídos! Estava no inferno e aquele autocarro não queria andar! Imaginem o que é estar a ouvir 2 estilos bem diferentes de música, ao mesmo tempo, e não desejar nenhum...
Um inferno!
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Aquilo fez-me desejar ter também o meu "fabricador de ruído" e comecei a pensar no estilo de música que eu gosto... calma, tipo opereta. Imaginem então se cada um de nós escutasse bem alto o que bem lhe desse na telha. Se dois já é impossível, olhem só o que a mistura de todo o tipo de músicas ia dar: uma sopa insuportável de ruídos!!

Da próxima vez, já que têm tanta atenção para com os restantes passageiros, vou presumir que se trata de uma rádio de pedidos. Chego perto da pessoa e pergunto se tem um fado da Amália Rodrigues!
A bem da verdade, para se ouvir muitos dos "estilos" que alguns ouvem, mais vale ouvir gatos a miar e unhas a arranhar uma ardósia. O efeito é o mesmo. Humm... e se me apetecer escutar isso mesmo? Adoro aquelas músicas em que os cães ou os gatos latem uma melodia popular.... vou arranjar um daqueles aparelhos infernais e começar a escuar isso. Tenho o mesmo direito, ou não?
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Entretanto, sentada no banco por detrás do motorista, presto atenção ao cartaz que, basicamente, informa sobre os DIREITOS E DEVERES das partes. Na 3ª alínea do final fazem referência ao ruído e é dito que é necessário levar em conta o conforto de todos os utentes. Antes disso, falam da fiscalidade e das multas em caso de título inválido de transporte. Então pensei: e os fiscais? Servem para fiscalizar quem não cumpre esta norma também? Pois deviam! Não é só no dever de "caçar" o dinheiro que assenta a responsabilidade de fiscalizar o ambiente do autocarro. Está também implícito, a meu ver, que tudo o que vem definido naquele cartaz seja cumprido. A higiene, os ruídos... os fiscais deviam observar os tampos de luzes desaparafusados e soltos e apontar. Os corrimãos soltos, partes partidas... devia existir os FISCAIS DA LIMPEZA e os DA SEGURANÇA. Os dos bilhetes... é pouco, para tanta infracção que ali se vê cometida! Por ambas as partes!