quarta-feira, 22 de julho de 2009

Um "obrigada"

Enquanto fazia o habitual trajecto para casa num autocarro articulado, os solavancos fizeram-me lembrar de um episódio passado há uns anos.

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Uma vez fazia este mesmo percurso e comecei a estranhar algo... não sabia bem dizer o que era... estava quase a descobrir qual era a estranheza daquela viagem quando, derepente, entendi: não estava a sentir quaisquer solavancos! As travagens eram suaves, o arranque suave... uma delícia!

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Acreditem: fiquei quase como que um monge budista a "curtir" tamanha serenidade. Ou seja: Foi tão estranha esta «nova sensação»! Sabem o que fiz? Antes de sair, desloquei-me até ao motorista e cumprimentei-o por conduzir bem.
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O homem não disse nada, não fez nenhum gesto, apenas olhou para mim com um ar com um tanto de estranheza.

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Deve ter achado que era maluca. Afinal, se fosse até ele para disparatar, reclamar, gritar, ou insultar, na sociedade de hoje é mais comum que fazer elogios. Mas eu estava decidida. Já tinha tomada a resolução: mesmo que me achasse doida, ia até lá dizer-lhe que é raro andar num autocarro e sentir que se anda bem.

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Tomara que fosse sempre assim. Acredito que nós, portugueses que andam nos autocarros da Carris, não sabemos o que isso é. Se um dia viessemos a experimentar a suavidade do transporte colectivo de muitas rodas, não queriamos outra coisa! É algo semelhante a fazer férias todos os anos no quintal e derepente, ir até Punta Cana!

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Porque andar com suavidade num autocarro da Carris é uma experiência rara, este episódio já estava no fundo do esquecimento, até que a sua excepcionalidade o trouxe de novo ao de cima... Para o partilhar com quem me lê!

segunda-feira, 13 de julho de 2009

A inutilidade da informação CARRIS

Há já uns tempos que este tópico está a mercer destaque. Decidi que era hoje, após uma experiência frustrante a semana passada.
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Há coisa de dois meses ou três, dei conta que o site da Carris mudou de rosto. É lá que vou, quando preciso descobrir um autocarro. A busca está diferente e totalmente ineficaz! Mudaram aquilo para pior... não é típico português??

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Quem quer descobrir os autocarros para um determinado percurso tem de escrever a morada do ponto de partida para o de chegada. Até aqui tudo bem. Mas... e funcionar?
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Experimentem. Só assim vão conseguir entender. Na versão anterior, este método de busca era mais eficaz, pois à medida que se ia escrevendo, as opções iam aparecendo. Agora, embora nas instruções façam referência que é assim que acontece, não é. Com tempo, já tentei pesquisar no site da Carris vezes suficientes para concluir que não se trata de uma falta de habilidade minha: a coisa é mesmo frustrante! Sabem até que ponto... apetece atirar uma coisa ao ar ou desatar a dizer palavrões. Pois é assim...
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A semana passada fui insistente. Quis porque quis e teimei que ia conseguir a informação desejada. Andei pelo site que tempos. A tentar pacientemente obter a informação desejada no tal campo de busca "origem" "destino". Frustrante. Nunca deu.



Então, decidida a conseguir a informação desse por onde desse, fui pesquisar nas carreiras. Mas a única forma de descobrir qual o autocarro que passa numa determinada RUA, é consultanto TODAS as carreiras. Tentei fazer exclusão de partes, mas não tive sorte. Optei então por uma terceira via: o contacto telefónico.
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Ainda no site da Carris, procurei por toda a parte o número de ATENDIMENTO ao utente. Um daqueles 800 qualquer-coisa, ou outro específico para o atendimento directo ao utente. A maioria das companhias hoje em dia facultam este tipo de serviço. Até enerva! Mas de todos os contactos fornecidos, nenhum pareceu ser especificamente para casos assim.
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(Reparem... isto tudo para conseguir uma informação simples que, se bem organizada e funcional, estaria disponível num clique de rato em menos de um minuto)...
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Continuando o relato:
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Não querendo ir parar a outro departamento, decidi obter o número de Atendimento ao Cliente da Carris, através das informações. Liguei para o 118, que me deu um número. Deram-me (claro) um número da Carris. Mas não era específicamente o correcto.

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Do outro lado, o senhor que atendeu foi simpático e procurou ajudar, embora também ele estivesse «às escuras». Pediu-me que aguardasse um pouco na linha enquanto ia averiguar. Entretanto facultei-lhe mais informações sobre o autocarro que procurava (já tinha andado nele há 2 anos, mas não lembrava o número, só parte do trajecto) e, alguém ao seu lado que escutava a conversa, saiu-se com a solução: "Autocarro número 9".
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Boa! - pensei. Já tenho uma referência!
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Voltando ao site da Carris, à consulta das Carreiras, não encontro nenhum "9". Fico frustrada... decido então ligar para o número corecto de atendimento ao utente da Carris (213613000), entretanto obtido através do simpático senhor com quem falei primeiramente ao telefone. Com isto, já estava a sentir alguma inquietação, ao ver o tempo a passar e nada de saber como chegar ao destino por AUTOCARRO.

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Marco os dígitos e uma gravação informa para carregar em números do teclado do telefone, consoante o serviço procurado. Pressiono a tecla 1 e fico a ouvir música. Mas sabem quando se detecta que a ligação nem sequer foi estabelecida? Quando se percebe que vais ouvir música por um longo tempo e ninguém vai atender? Pois foi assim.
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Desliguei e voltei a ligar o número, na esperança de sentir a ligação diferente mas, a música retomava exactamente no ponto onde tinha sido interrompida. Nem informam quantas chamadas tinha à frente, nem fez mais que um toque de sinal de chamada. A música entrava de imediato.
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Numa das muitas tentativas, finalmente alguém atendeu. Mais uma vez, parece que liguei para o número errado… e, mais uma vez, a simpatia da pessoa do outro lado procurou ajudar. Consultando ela própria o site da Carris, estava a ter dificuldade em conseguir descobrir o percurso. Na verdade, estava a ir pelo Google e até me disse que o método de busca só funciona em caso de percursos directos. O que, na Carris, convenhamos, não existe!
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Acabou por me facultar um… composto de TRÊS autocarros e o resto do percurso A PÉ! Convenhamos, um absurdo! A pessoa até estava a sentir um tanto de embaraço por indicar um percurso tão despropositado. Talvez por isso, tentou outro caminho. Não esqueço que fez referência a ser do “tempo” em que os autocarros não tinham sofrido mudanças. Pois… também eu sou desse “tempo”. A lógica dos utentes tamb]em é desse tempo. Mas a da administração, que não deve utilizar os seus veículos como forma de transporte, tem outra opinião…
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Resumindo uma má experiência, acabei, segundo as indicações desta última pessoa (que também me indicou um autocarro cujo percurso só existe como nocturno), na rua, a tentar apanhar um autocarro que me levasse até meio do percurso pretendido, para depois apanhar outro. Após uma caminhada e uma espera um tanto demorada (perdi o primeiro porque a parte de trás do veículo não tinha número) entrei num autocarro e lembrei de perguntar ao motorista se passava na referida rua. Ele nem a conhecia. Então perguntei-lhe se passava por um certo local, ele respondeu que «sim», perguntei se ia demorar muito e ele responde:
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-Quase uma hora!
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Hã!?? – disse, assustada.
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Andar em autocarros em Lisboa é mais demorado (e torturoso) que apanhar uma camioneta para Sesimbra! Metade do percurso ia «consumir» uma hora do meu já reduzido tempo. A outra metade ia levar quanto?
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Desisti. Pedi desculpas ao motorista, que tinha acabado de fechar a porta e pedi para sair. Cheguei a casa e telefonei para a pessoa que me esperava, pedindo desculpas, mas que já não chegaria a tempo e teríamos de adiar a visita para outro dia. Ela própria forneceu a solução para este enigma:

- “O filha, da próxima apanha um Táxi e chegas aqui à porta num instantinho”!
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Mais uma lição… vinda da lucidez de uma pessoa com 92 anos.


Notem que procurava uma informação rápida. De segundos. Minutos, no máximo. E perdi mais de duas horas do meu tempo...

A solução é o Táxi!

domingo, 5 de julho de 2009

Cheiros e sons que me seguem

Estou para comentar este episódio diário à algum tempo, mas tenho esquecido. Agora lembrei.

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Sabem como me "queixo" da sina de levar sempre com a tosse das pessoas dentro do autocarro? Pois quando saio deste para entrar na camioneta, tenho um destino «semelhante». São dois os indivíduos que constituem a minha «praga». Ambos fumadores inveterados. Mesmo a duas cadeiras de distância, fedem tanto a fumo que é intoxicante. A sério! A mim, pelo menos, ao passarem, fico logo a arfar por ar saudável.


Agora imaginem o que mais têm que me irrita... um pouquito. Um deles ressona, o outro tem uma tosse de tuberculoso.
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Ora, quando os vejo entrar depois de mim, fico a torcer para que fiquem afastados. Isto só depois de ter dado conta que vêm sempre para os meus lados. (A sina!). Pois então tentei afastar-me eu. Em vez de ficar pela primeira fila e meios da camioneta, fui para o fundo. A sina não deixou para menos: eles se sentaram lá também! Olhei para a frente e reparei que haviam assentos vazios onde poderiam ter escolhido sentar-se. Mas não... eu não estava lá!

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Agora estou mais atenta a esta casualidade. Até agora, tenho levado com os dois bem próximos de mim. Ás tantas, lá vem o ronco. Que detesto ouvir! Outras vem a tosse tuberculosa. Na saída, a primeira coisa que fazem, é acender um cigarro. Mais uma vez, tenho de ser rápida e ultrapassá-los, para não ficar o caminho todo a respirar o fumo, que parece vir direitinho a mim.
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Bem, a maioria das pessoas talvez não tenha consciência do quanto o fumo se espalha num lugar. Mesmo ao ar livre, ele não se dissipa com facilidade. Isso é um erro comum, achar que este sobe imediatamente para a atmosfera. Mas a esperança aqui deu frutos.
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À poucos anos atrás, até 2005 pelo menos, tinha de almoçar com o fumo dos cigarros dos outros, tinha de viajar de comboio com o fumo dos outros, de camioneta com o fumo dos outros, nas salas de aulas com o fumo dos outros, no trabalho com o fumo dos outros. Eram uns 40 cigarros ou mais por dia! Agora uma LEI veio a mudar, com surpreendente rapidez, diga-se de passagem, até as mentalidades. Antigamente não podia opinar contra o tabaco, que um rol de fumadores contrapunha argumentos sobre os seus direitos. Hoje tudo me parece menos radical. Ainda que tenha sido tarde para os meus sensíveis pulmões, decerto vale a pena para os pulmões mais jovens!

sábado, 4 de julho de 2009

Bloquear as saídas

Quem frequentemente utiliza os autocarros da Carris, sabe que, quando todos os lugares estão ocupados e aquela pequena área vazia diante das portas traseiras está com pessoas, muitas vezes os passageiros que viajam de pé escolhem ficar junto à porta de saída. Isto quer dizer que têm de se desviar para dar passagem a cada paragem.
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Ontem fiquei a pensar nisso, enquanto reparei no comportamento do homem à minha frente. Tal como eu, estava a ocupar aquele espaço de saída. A grande diferença é que, enquanto eu estou encostada à trave, deixando metade do espaço livre, ele segura a outra trave e encosta o traseiro à trave separadora fixa nos degraus. Ou seja: quando os passageiros iam para sair, a única pessoa a desviar-se para lhes dar passagem era eu, que tinha deixado «aquela folga» a pensar nos outros...
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Já não é a primeira vez que pondero nestas «pequenas-grandes» escolhas. Se o espaço escassa e as portas de saída são o lugar mais disponível, acho que o correcto não é bloqueá-las, mas tentar ocupar o mínimo de espaço possível e deixar algum para a passagem. Neste processo de abrir a passagem para os passageiros de saída, são sempre necessários gestos repetitivos de desvios para não se ser agredido pela porta a abrir e pelos passageiros em si. É cansativo, ainda mais porque as pessoas ficam com «nervoso miúdinho» e tentam enfiar-se nos degraus da porta antes do autocarro travar. Viajar de pé nesta situação é arriscado. Enquanto o autocarro não travar, a única coisa que te segura no lugar e te impede de cair é a pressão exercida pelos pés. Se os mexeres enquanto em movimento, és projectada. Desviar para o lado e ceder mais espaço de passagem enquanto o autocarro não travar é deixar de estar seguro. Só que as pessoas que vão a sair não percebem isso, revelando logo uma certa impaciência e fazem por se enfiar na abertura antes do autocarro parar, certamente por temerem não conseguir sair a tempo. Aliás, esta «pressa» em sair porta-fora antes do autocarro parar, esta atitude tão portuguesa, sempre me fez um pouco de confusão. Depois de ter estado em Londres, onde os autocarros PARAM totalmente e só depois as pessoas se erguem dos assentos para a saída, só fez realçar este defeituoso comportamento português de avançar para as portas com tanta "sede", como se não conseguissem sair a tempo se não se apressarem.
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Mas compreendo-as a todas. De facto, agem assim porque somos que nem cordeirinhos, que respondemos a estímulos. E a Carris é que nos facultou esse comportamento de «gado em disparada».
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O facto dos motoristas se apressarem a fechar as portas rapidamente é uma das razões. As pessoas temem ficar no interior e perder a saída, tendo depois de andar muito ou perder a ligação com outro autocarro. É comum de se ver nos autocarros da Carris. A porta fecha de imediato. Um passageiro que se encontre a caminhar para a saída, se fôr bloqueado, é bem capaz de ver as portas fechar diante do nariz. Mesmo que a fila de pessoas a entrar pela porta de entrada ainda seja longa. As portas de trás são fechadas com tanta rapidez que isso criou nos passageiros o estímulo de correr para a saída, para não ficarem presos. Esta é uma das causas que conduziu, ao longo dos anos, a este comportamento "selvagem" e apressado. Se não forem rápidos, fecham-lhes a porta.
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Ainda hoje é assim. Pode-se observar este comportamente em diversas circunstâncias: as pessoas saiem apressadamente. Se uma se demora um segundo, a porta fecha. Se apenas uma está a sair, a porta mal abre e já está a fechar, quase que entalando o passageiro. Por isso é que este criou o hábito de descer os degraus apressadamente. É para não levar com a porta nas costas ou ficar entalado. É muito comum.
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Num país onde a população é cada vez mais idosa, este tipo de comportamento não devia propagar-se muito mais. Afinal, os idosos não conseguem ser tão àgeis. A tolerância que devia ser dada a qualquer passageiro, é atribuída apenas aos idosos. Os motoristas aguardam que as pessoas idosas com visíveis dificuldades de locomoção se sentem. Aguardam que cheguem até a porta de saída, são pacientes com a vagarosamente, e aguardam que estes consigam se segurar na trave e descer os degraus até a rua. Talvez tenham sido instruídos assim, de modo a evitar os tão temidos processos por danos. Mas não existe essa tolerância para com a pessoa que, aparentemente, nada tem que o impeça de «sair em disparada». São até capazes de tecer algum comentário por acharem que o passageiro já devia estar nas portas de saída. Como o passageiro falhou essa «pontualidade», fecham a porta sem pudor ou constrangimento, fazendo com que o frustado passageiro tenha de continuar o seu percurso e regressar da paragem seguinte para trás. Não quer dizer que todos o façam mas é o comum. Mais do que deveria ser. Já me aconteceu e não foi pouco o que tive para andar e subir. Uns segundos para ele, 15 minutos para mim. E é por esta razão, que as pessoas andam apressadas e stressadas nos transportes públicos.
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O hábito das pessoas sairem que nem «gado em disparada» também é alimentado pela Carris, por não ser incomum o facto do motorista nunca parar na paragem se não vir uma pessoa de pé diante da porta, após a campainha de STOP e o sinal luminoso terem sido accionados. Caso não esteja uma pessoa de pé diante da porta, o motorista continua a andar. Se o passageiro se mantiver sentado, a aguardar a travagem do veículo para se levantar e sair, corre este risco. E é por isso que os utentes se habituaram a estar nervosos e stressados. É também por isso que os utentes da Carris se habituaram a correr para as saídas.
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Nunca tinham percebido?

quinta-feira, 2 de julho de 2009

A dança das cadeiras

Continua a ser um comportamento que me intriga, o qual não entendo e acho piada.
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Porquê que as pessoas, quando já viajam sentadas num autocarro da carris, ao ver outra pessoa sair de um lugar melhor, correm para o ocupar?
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Quem se sentar perto dum desses lugares, mesmo num percurso curto, parece que as pessoas que os ocupam fazem trajectos curtos, tal é a rotatividade dos mesmos. Hoje viajei de costas para um desses assentos e mal se levantou um, outro se sentava. Mal vagou outro, outro corria para o ocupar. Estando o autocarro com lugares livres, é curioso...
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