quinta-feira, 4 de junho de 2009

O dia da pastilha

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Continua a ser a tosse, o flagelo que me persegue.

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De manhã, mal entrei no autocarro e consegui sentar-me num banco individual, pensando assim estar menos à mercê deste tipo de coisas, levei com a tosse de alguém do outro lado do corredor. Logo a seguir, tosse a pessoa atrás de mim, e de imediato a senhora à minha frente. Tosse que puxa tosse, pois a primeira volta a tossir, a segunda repete, a terceira repete, eu não queria acreditar nesta sina minha!

É tão surpreendente, que voltei a contar. 25 "tossidelas" ainda o bendito autocarro não tinha saído da estrada onde entrei. Mal passou o semáforo e fez a curva até a paragem seguinte, já ia em 35. Nem fazia meia dúzia de minutos de percurso e já todos há minha volta estavam a tossir, incansáveis.

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E sempre me pergunto: mas porquê eu?!

Com um autocarro tão comprido, daqueles «lagarta», porquê os que sempre tossem ficam ao meu redor? Outra pessoa tossia lá do fundo e contei com a sua contribuição para a contagem que fiz. Mas era só uma. E ao meu redor, eram todas as mais próximas. Ok. Se sou eu que sou bonita como uma flor e cheirosa como a primavera, devem ter alergia ao pólen ... :)
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Quem ler isto ainda pensa que são manias de uma maníaca, mas não são. Irrita-me um tanto, porque se eu consigo fazer viagens tranquila, sem incomodar alguém, porquê não consigo viajar tranquila? Ontem uma miúda que, com este calor, estava estranhamente a usar um casaco de lã felpudo, ia a meu lado a ler um livro e a mascar pastilha. Por causa da mastigação, um pernilongo escapou-lhe da boca e foi cair no meu braço. E por causa de estar a ler um livro, tinha os cotovelos todos para fora e picava-me o braço com o casaco de lã.

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Pronto, pronto! Talvez seja um pouco picuinhas, sei lá! Mas sou uma boa pessoa e se tossem à minha volta, deve ser porque têm alergia a pessoas bondosas, he, he, he!

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Porém confesso que começo, com a idade, a desenvolver mais a intolerância. Quem me conhece ia discordar e rir às bandeiras despregadas, mas sinto que tenho menos paciência e acho até que a idade trás isso. É um estatudo conquistado, pelos anos de «porrada». Daí a fama dos «velhinhos» ser que são uns chatos sempre descontentes, a embirrar com tudo...

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Na volta, no autocarro, o que me irritou bastante foi uma miúda sentada diante de mim, no banco de lado. Mascava pastilha de boca muito aberta. Uma visão pavorosa, à qual tentei em vão escapar. Viajava com um rapaz e um homem, que pareciam não estar incomodados com o espectáculo. O que mais me irritava nem era a boca toda aberta, vezes e vezes sem conta, a abrir e fechar para mascar a pastilha. Mas os barulhos sucessivos que fazia para arrebentar os balões. Aquilo era um estrondo! E conseguia fazer mais que um estalinho de cada vez, o que achei curioso porque, quem não soubesse, podia confundir o ruído com peidos.

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Mas devo ser só eu, que acho este tipo de coisas um pouco estranhas. Se fosse eu a miúda, a mascar pastilha assim, já levava uma repreenda. Se fosse num autocarro então, gritariam comigo a alto e bom som para ter maneiras que ali não é lugar para estar a mascar pastilha daquela maneira, que incomoda as pessoas.

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Ou então a culpa é desta educação que recebi e das noções com que fiquei.

4 comentários:

  1. Bom, parece mesmo que a tosse é um acto solidário... quando tosse um português, tossem logo dois ou três.

    Gostei muito quando apareceu a gripe A em que o pessoal do autocarro só de sonhar que alguém ia espirrar ou tosir, quase se escondia debaixo do banco! Hihihi!

    Beijokas!

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  2. Se fosse eu a ti ia um dia de Verão de casaco de lã a esbarrar em toda a gente, a mascar-lhes a pastilha elástica de boca aberta para cima e... a certa altura da encenação, podias ter um ataque de tosse especialmente dedicado a alguém que te irritasse assim um bocadinho mais! :D É claro que é por seres boa pessoa! :P Experimenta ser assim perversa como eu e deixas de ter esses problemas! Com o tempo o pessoal começa a pressentir e a ficar longe ;)

    Bem, na verdade, não sei... faço um esforço tão grande para fugir da confusão, que faço mais uns quantos quilómetros para sair/entrar da minha cidade sem ter de passar pelo meio do trânsito... o afastamento é algo de que necessito, pelo menos físico, pelo menos com estranhos.

    Beijos linda... quando é que passas por lá? Mina's Handy Crafts tem novidades! Beijosss!!

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  3. Porcelian,
    Sei que estou em falta! É o trabalho! Mas quando tiver «aquele tempinho», de relax diante do ecra, a querer ler algo e saber como vão minhas "zinhas", faço vizitinha e vou bater-lhe à porta! Quero ver essas novidades com calma...

    Até breve!

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  4. Engraçado este seu comentário, parece que - e não sabendo a sua idade -, somos muito parecidos com as mesmas situações dado que eu viajo diariamente na Carris e tenho estórias rocambolescas do seu género. É quase do género: mas estes gajos (e gajas) acham-me com cara de tótó? É que se eu fosse a dar o gosto aos dedos (e às mãos e aos pés), cada viajem que fazia tinham de chamar o 112 para levar alguém para as urgências. Mas a idade também dá calo na vida e quando acontecem episódios desse tipo, mudo de lugar e nem que tenha de ficar em pé, para evitar piores distúrbios emocionais... Como eu a compreendo!

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