Continua a ser da praxe: num autocarro com tantos lugares e tanta gente, a única pessoa a tossir fá-lo à minha frente. Não, não estou a exagerar. Foi assim ontem, a semana passada, hoje. E não; não uso perfume nem exalo nenhum odor que leve ao espirro, muito menos à tosse. É mesmo uma (má) sina! Ainda mais no actual panorama do «alarme» da gripe suína que começou no México e alastra-se pelo mundo.
Mas não é sobre as circunstâncias ou a quantidade de vezes que tossem em cima de mim que vim falar. Embora tal ainda me suscita vontade! É que as pessoas não se dão ao trabalho de sequer desviar a direcção...
Vim falar de algo "positivo". Não quero nem nunca foi a intenção deste blogue falar das experiências nos transportes públicos apenas pelas coisas más. Podem até ser em quantidade maior mas, porque a vida também precisa de sonho, as coisas boas também terão o seu destaque.
Hoje apetece-me referir um gesto de cortesia. Outrora a mim negado, hoje acedido a um que por ali passou.
Não foi num autocarro da Carris, mas numa camioneta que desagua no terminal do Campo Grande. Na localidade onde a apanho em direcção a Lisboa, vivi numa ocasião uma experiência muito desagradável. Pedi para sair mais cedo do trabalho para ir ao médico e corri para a paragem, onde esperei muito tempo pela camioneta. Quando esta chega, no visor não aparece o percurso que faz. Não sendo a que estou acostumada a apanhar, deduzi tratar-se da que faz o percurso longo pelas aldeolas e demora uma hora a chegar a Lisboa. É então que pergunto a umas pessoas que ali estão se a que vem imediatamente atrás é a rápida, ao que me avisam que essa é a que já ali está parada. Corro para a porta, que estava a fechar. Bato no vidro. O motorista acena que «não».
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Diante a nega, recuei os 3 passos que tinha dado e as pessoas que primeiramente me tinham dito para bater no vidro para o motorista abrir a porta, nem perceberam o meu rápido gesto e voltam a repetir o conselho. Ao que lhes respondo que já tinha batido e ele se negou a abrir. As pessoas ficaram revoltadas e eu, a lesada, que perdi assim o médico marcado há 3 meses, senti-me injustiçada. Neste tempo o semáforo está quase a passar de vermelho para verde. Após arrancar, a camioneta tem forçosamente de fazer uma curva apertada para apanhar uma estrada paralela à direcção de onde veio. Decido atravessar para a apanhar no outro lado. Quero tirar a matrícula e o número para apresentar queixa.
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Nisso, o semáforo muda de vermelho para verde e, imprudente, sigo o hábito de olhar para a esquerda quando o trânsito está a chegar da direita. Quase sou atropelada. Deu para o susto, mas não para me demover do propósito. Sigo sem ter chegado a parar. Atrás de mim vem um homem que também fez sinal ao motorista para entrar, mas já após o meu. Coloco-me numa posição estratégica e a camioneta, como costume, está empatada na manobra. O homem ultrapassa-me e caminha até a camioneta, voltando a pedir, quando esta está PARADA, para entrar. Volta a receber nega. Ao passar por mim bem acelerado, o motorista faz uma careta e desvia o olhar. Devia ter pensado que ali fui para voltar a pedir para me deixar entrar. Memorizei o número da viatura e a hora e voltei à paragem, onde a próxima camioneta chegaria dali a 1 hora e poucos. Pedi uma caneta emprestada e anotei os dados.
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Hoje acontece que, mais adiante do local onde fiquei para anotar o número da viatura meses atrás, encontra-se um rapaz que faz sinal ao motorista. Este pára, abre a porta e espera que o rapaz contorne a frente da camioneta para entrar. Este gesto é uma excepção à regra, que me fez sentir bem. Este motorista é um homem que gosta de falar. Não fica calado a viagem toda. Se puder, interage com os passageiros. E tem a peculariedade de, ao chegar ao destino, anúnciar alto: "Chegada ao Campo Grande! Saída do Campo Grande!" - parece um motorista «de antigamente», quando estas cortesias e anúncios ainda se faziam a viva voz. Também deseja sempre «adeus, bom dia» aos passageiros.
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Hoje bati o meu record. Tive de correr para conseguir chegar à paragem «a tempo». Um percurso que se faz sem pressas em 20 minutos, fi-lo em 12. Sempre a subir. Percurso inclinado, pela estrada porque não há passeio, e os carros e viaturas pesadas a passar ao lado. Fiquei com falta de ar e a tossir (sim, desta feita fui eu! Mas nunca em cima de outras pessoas) a seco por quase meia-hora. Mas se não tivesse corrido, teria perdido a camioneta. Ás vezes acho que Deus só ajuda quem se esforça :! É claro que, por outra perspectiva, se a camioneta tivesse chegado à mesma hora do dia anterior, ainda tinha 15 minutos de espera...
Hoje bati o meu record. Tive de correr para conseguir chegar à paragem «a tempo». Um percurso que se faz sem pressas em 20 minutos, fi-lo em 12. Sempre a subir. Percurso inclinado, pela estrada porque não há passeio, e os carros e viaturas pesadas a passar ao lado. Fiquei com falta de ar e a tossir (sim, desta feita fui eu! Mas nunca em cima de outras pessoas) a seco por quase meia-hora. Mas se não tivesse corrido, teria perdido a camioneta. Ás vezes acho que Deus só ajuda quem se esforça :! É claro que, por outra perspectiva, se a camioneta tivesse chegado à mesma hora do dia anterior, ainda tinha 15 minutos de espera...